“Após
a vitória da Revolução Chinesa, os comunistas tomavam o poder no Tibet, região que
no curso dos dois séculos anteriores, nem um só país no mundo havia reconhecido
como um país independente. A comunidade internacional considerava o território
parte integrante de China. Como por exemplo a Índia e a Inglaterra, a mesma que
há 40 anos dominava a região. Só os EUA se mostraram vacilantes. Até a Segunda
Guerra Mundial, consideravam o Tibet como uma parte da China e procuravam frear
os avanços da Inglaterra sobre o território. Porém, após a guerra, Washington
decidiu fazer do Tibet um enclave religioso contra o comunismo.
Em
1951, a elite tibetana concordou em negociar com a China uma “liberação
pacífica”. Cinco anos depois, no entanto, pressionadas pelo movimento camponês,
as autoridades decidiram por uma reforma agrária em alguns territórios
tibetanos. Era a senha para o conflito. A elite local repeliu a iniciativa e
provocou o levante armado de 1959. A revolta foi preparada durante vários anos,
sob a direção do serviço secreto dos EUA, a CIA. É o que registra o livro de
300 páginas “The CIA's Secret War in Tibet” de Kenneth Conboy. Uma obra que o
especialista da CIA, William Leary, definiu como “um impressionante estudo
sobre uma das operações secretas da CIA mais importantes durante a guerra
fria”.
Outro
livro, “Buddha's Warriors – The story of the CIA-backed Tibetan Freedom
Fighters”, de Mikel Dunham, de 434 páginas, explica como a CIA levou centenas
de tibetanos aos EUA para treinamento bélico e como lhes supriu de armas
modernas. O prefácio desta obra foi redigido por “sua Santidade o Dalai-Lama”,
que considerou uma honra o fato de que a rebelião separatista armada tenha sido
dirigida pela CIA. Porque “Os EUA são os campeões da Democracia e da Liberdade”.
Em
outubro passado, o parlamento estadunidense entregava ao Dalai-Lama a Medalha
de Ouro, a condecoração mais importante que pode entregar. Sua (sempre
sorridente) “Santidade” pronunciou um discurso onde louvava Bush por seus
“esforços a nível mundial em favor da Liberdade, da Democracia e dos Direitos
Humanos”. Fica evidente quem financia o Dalai-Lama e seus monges, não só por
seu anticomunismo hidrófobo como também por seu racismo fascista que condena os
casamentos entre tibetanos e os “demais”. Fica fácil entender a mobilização da
mídia ocidental contra a China, sobretudo em vésperas de uma importante eleição
em Taiwan e a aproximação das olimpíadas de Pequim.
O
pretexto para balbúrdia de agora foi lembrar ação golpista derrotada em 1959,
quando o Dalai-Lama tentava separar o Tibet para restaurar o regime ditatorial
dos Lamas naquele território da China Popular. Derrotado, fugiu, acobertado
pelos EUA. Ao longo dos anos 60, a comunidade de exilados tibetana embolsou 1,7
milhões de dólares por ano da CIA, como consta nos documentos liberados pelo
próprio Departamento de Estado em 1998. Depois que este fato ficou público, a
organização do Dalai-Lama emitiu uma declaração admitindo haver recebido
milhões de dólares da CIA naquele período, com o objetivo de enviar pelotões
armados de exilados para o Tibet para minar a revolução socialista.
O
pagamento anual pessoal do Dalai-Lama reconhecido pela CIA era de US$186.000,
assinalou Tom Grunfeld, em seu livro The Making of Modern Tibet. Atualmente,
através do Fundo Nacional para a Democracia e outros canais que servem de
fachada “respeitável” para os financiamentos da CIA, o governo dos EUA continua
a destinar US$ 2 milhões anuais para os separatistas tibetanos que atuam na
Índia, com milhões adicionais para a comunidade de exilados tibetanos em outros
lugares. O Dalai-Lama também obtém dinheiro do especulador George Soros, que
dirige a Radio Free Europe e Radio Liberty, ambas também vinculadas à CIA,
ressaltou Michael Parenti, escritor e historiador estadunidense.”
Descubra quem é o ''pacifista''
dalai-lama
“Incensado pelo ocidente como uma figura impoluta,
lutadora da paz e da não-violência, o dalai-lama, ou Tenzin Gyatso, está longe
de merecer o epíteto de pacifista que a mídia ocidental lhe aplicou nos últimos
50 anos. Aliado há longa data do regime americano, e recentemente de Bush, o
dalai-lama não é parte integrante das lutas dos povos pela democracia e a paz
mundial.
Exilado
em Dharamsala, na Índia, onde está à testa de uma comunidade de 120 mil
tibetanos, o 14.º dalai-lama é apresentado, desde 1959, pelos meios de
comunicação, como ''um dos maiores defensores da paz no mundo'' e ''líder
espiritual''. Seus gestos desmentem esses epítetos.
Em
2003, o ''líder espiritual'' budista passou 18 dias nos Estados Unidos, onde se
encontrou com o presidente do país, George W. Bush e o então secretário de
Estado, Colin Powell. Os EUA tinham recentemente estabelecido o Tibetan Policy Act,
uma lei que regularizava a ajuda aos separatistas, em 2002.
O
que disse e fez por lá revela que o homem que ostenta o título de Prêmio Nobel
da Paz, obtido em 1989, age de forma diametralmente oposta ao discurso que mantém.
A Casa Branca não divulgou o teor das conversas, mas, a julgar pelas declarações posteriores do dalai-lama, um dos resultados da visita foi sua incorporação à política de guerras preventivas, aspecto central da estratégia agressiva do imperialismo norte-americano na atualidade.
''É muito cedo para dizer se a guerra no Iraque foi um erro'', afirmou, para acrescentar em seguida sua convicção de que é necessário ''reprimir o terrorismo'', sem explicar o que queria dizer com ''reprimir''.
Participação no poder chinês
Em
1954, o décimo quarto Dalai-Lama participou da primeira Assembléia Nacional
Popular da China, que elaborou a Constituição da República Popular, tendo sido
eleito como um dos vice-presidentes do Comitê Permanente dessa Assembléia.
Na
ocasião, pronunciou um discurso afirmando: ''Os rumores de que o Partido
Comunista da China e o governo popular central arruinariam a religião do
Tibete, foram refutados. O povo tibetano tem gozado de liberdade em suas
crenças religiosas''.
Em 1956, o dalai-lama assumiu a presidência do comitê provisório encarregado de organizar a região autônoma do Tibete. As relações entre os governos central e local estavam, portanto, normalizadas.
O
conflito ressurgiu quando se cogitou em promover a reforma democrática do
Tibete, separando a religião do Estado, abolindo a servidão rural e a
escravidão doméstica, e redistribuindo a propriedade das terras e dos rebanhos,
monopolizada pela aristocracia civil e pelos mosteiros.
Após
o exílio, o dalai-lama, cercado pelas forças anti-chinesas e por separatistas
tibetanos, traiu completamente sua posição patriótica original. A facção
pró-ocidental, aproveitando-se da insatisfação entre lamas e nobres, retomou a
ofensiva.
Agitando
as bandeiras separatista e religiosa, e apoiada pela CIA cada vez mais
desinibidamente, como hoje se reconhece, essa facção fundou uma organização
política, a ''Quatro Rios e Seis Montanhas'' e uma organização militar, o
''Exército de Defesa da Religião” e iniciou, em 1956, ataques armados a
funcionários e prédios públicos, a obras de infra-estrutura e, até mesmo, a
tibetanos que apoiassem o movimento democratizador.
Como reencarnar estando ainda vivo?
Traindo
seus princípios religiosos, em novembro passado, o dalai-lama propôs que, em
vez de esperar que os sábios religiosos encontrassem a próxima encarnação após
sua morte, ele mesmo escolhesse sua própria encarnação. Geralmente, depois da
morte do dalai-lama, autoridades budistas tibetanas, orientadas por sonhos e
sinais, identificam uma criança que vai substituir o líder morto.
Para
impor seu método e estabelecer uma linha sucessória segura para os
separatistas, o dalai-lama propôs então um ''referendo'' entre os budistas
tibetanos, sobre mudar ou não o atual processo de reencarnação, de modo que ele
pudesse ter influência na escolha de seu sucessor. A idéia não foi bem recebida
pelos budistas, porque contraria a lógica religiosa : como encontrar sua
alma em outro corpo, se você ainda não desencarnou ?
Antidesenvolvimento
O
governo central da China inaugurou em 2006 a maior ferrovia do mundo, ligando o
Tibete ao resto do país. A ferrovia custou 4,1 milhões (sic) de dólares e
atravessa o platô tibetano, para ligar Lhasa aos centros econômicos da China.
A
ferrovia é uma ferramenta vital para a economia tibetana, a mais pobre da
China, mas o dalai-lama e os separatistas consideram a estrada-de-ferro uma
''ameaça''. Alegam que a ferrovia trouxe ''novos ocupantes'' e é um meio de
''roubar'' as riquezas naturais do Tibete.
Desde
1985, o Tibete é uma ''zona de turismo livre'', substituindo o ''turismo
acompanhado'' que vigorava até então. A ferrovia veio apenas aumentar o
desenvolvimento econômico local.
Esta
semana, Tenzin Gyatso lançou pela mídia um apelo vazio, para que a ''comunidade
internacional'' investigue o que chamou de ''genocídio cultural'' no Tibete,
após a violência perpetrada, nas ruas de Lhasa, por monges e seus seguidores.
O
ouro de Washington
De
acordo com o historiador americano Jim Mann, citado pelo site Global Research,
''durante os anos 1950 e 1960, a CIA apoiou ativamente a causa tibetana com
armas, treinamento militar, dinheiro, apoio aéreo e todo o tipo de auxílio''.
Além de Mann, outro estudioso das ações da CIA na Ásia, Michael Parenti, fez
recentemente a seguinte observação :
''...nos
Estados Unidos, a Sociedade
Americana Por uma Ásia Livre, uma fachada da CIA, propagandeou
ferozmente a causa da resistência tibetana -- com o irmão mais novo do
dalai-lama, Thubtan Norbu, tendo um papel ativo nessa organização. Outro irmão,
também mais novo, do dalai-lama, Gyalo Thondup, estabeleceu uma célula de
operação de ''inteligência'' com a CIA em 1951 (embora o apoio oficial da
agência tenha sido estabelecido somente em 1956). Mais tarde, essa célula foi
treinada e transformada em uma unidade de guerrilha da CIA, tendo seus recrutas
sido lançados no Tibete de pára-quedas."
De
acordo com documentos abertos pela inteligência americana no fim da década de
1990, revelou-se que o movimento tibetano no exílio recebeu, na década de 1960,
cerca de 1,7 milhões de dólares por ano, para operações contra a China,
enquanto 180 mil dólares anuais eram pagos regiamente ao dalai-lama.
Em
1969, entretanto, o apoio secreto pela causa tibetana foi interpretado pela CIA
como infrutífero e a agência de espionagem decidiu retirar a ajuda aos
''revolucionários'' tibetanos.
No
entanto, a ajuda monetária anual ao ''pacifista'' dalai-lama perdurou até 1974,
quando Nixon normalizou as relações com a China. O presidente que lhe sucedeu,
Gerald Ford, encerrou o envolvimento da administração americana com os exilados
tibetanos, num novo contexto da estratégia americana para a Guerra Fria.
A
fase seguinte do relacionamento entre os Estados Unidos, o dalai-lama e seus
apoiadores foi direcionar a opinião pública mundial a considerar o Tibete como
uma questão de direitos humanos, num engajamento político contra a China.
Em
1979, a relação entre o regime americano e o dalai-lama sofre uma nova
modificação, com o ''pacifista'' obtendo um visto de entrada nos EUA sob a
administração Carter. A ''causa tibetana'' encontra então novos patrocinadores,
com representantes do congresso americano trabalhando em conjunto com os
separatistas tibetanos para enfocarem a atenção dos governos seguintes e do
resto do mundo na ''questão tibetana''.
Nos
dias de hoje, a ajuda financeira e política aos exilados tibetanos parte de um
poderoso braço da CIA, a National
Endowment for Democracy, organismo criado a partir de 1984, sob
a administração Reagan, que patrocina e subsidia movimentos pró-americanos ao
redor do planeta, como os que recentemente derrubaram os governos da
ex-Iugoslávia em 2002, Geórgia em 2004 e Ucrânia em 2005.
Um
dos trabalhos da NED,
desde a década de 1990, é propalar os discursos e ações ''pacifistas'' do
dalai-lama ao redor do planeta.
(fonte:
Pravda)