quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Os bancos centrais

Via Diario Liberdade POR Laerte Braga

A União Européia acaba de fechar um acordo em que o Banco Central do grupo poderá ter acesso aos dados de todos os bancos centrais dos países membros e determinar mudanças no rumo da economia em função do equilíbrio.

Equilíbrio de que e de quem? Alemanha tomou Londres sem disparar um só tiro. Repetiu o feito de Hitler contra a França e estende suas garras de um novo Reich travestido de Banco Central Europeu.

Gregos, espanhóis, portugueses, italianos que estejam desempregados continuarão desempregados. O capitalismo e o novo acordo não levam em conta o ser humano, mas os balanços e o equilíbrio fiscal. Banqueiros, grandes conglomerados econômicos/industriais e para isso, para sustentar o modelo terão que estender as mesmas garras a países da América Latina.

O que é a Nike, por exemplo? A empresa não produz nada. Vale-se de mão obra escrava em países da África e da Ásia, através de uma política de marketing promove a distribuição mundial de seus "produtos" sem colocar um dedo sequer nesses bens e é uma potência no capitalismo. É marca, nada além de marca.

Em VIVENDO NOS FINS DOS TEMPOS o pensador esloveno Slavoj Zizek fala dos limites da marca através da regra 80/20 da vida, descoberta há um século por Vilfredo Pareto.

"80% da terra pertence a 20% das pessoas. 80% do lucro é produzido por 20% dos funcionários. 80% das decisões são tomadas em 20% da duração das reuniões. 80% dos links levam a menos de 20% da internet. 80% da ervilhas são produzidas por 20% das vagens. Como sugeriram alguns economistas e analistas sociais, a atual explosão de produtividade econômica nos coloca diante do caso supremo, a futura economia global tende a um estado em que apenas 20% da força de trabalho fará todo o trabalho necessário, de modo que 80% da população se tornará inútil e irrelevante e, portanto, potencialmente desempregada".

Isso implica em um absoluto poder das armas para secundar a força econômica escravagista do capitalismo. É lógico que um foguete norte-coreano que coloca um satélite em órbita incomoda bem mais que uma queda, por exemplo, de 20% nas vendas da marca Coca Cola.

É o momento em que o espetáculo será substituído pela barbárie, transformação que já se percebe no terrorismo de Estado.

Ou como afirma Eric Hobsbawm em COMO MUDAR O MUNDO. "a própria burguesia se desenvolve gradualmente a media que surgem as condições para sua existência, cinde-se novo em diferentes facções depois que ocorre a divisão do trabalho e com o passar do tempo acaba por absorver todas as classes possuidoras existentes (ao mesmo tempo que transforma a maioria das classes não possuidoras e uma parte das classes possuidoras numa nova classe, o proletariado), a ponto de que toda propriedade existente é transformada em capital comercial ou industrial".

Ou, "a crise atual pode ser uma dessas. Mais uma vez, fica patente que, mesmo no intervalo entre grandes crises, o mercado não tem nenhuma resposta para o principal problema com que se defronta o século XXI: o fato de que o crescimento econômico ilimitado e cada vez mais tecnológico, em busca de lucros insustentáveis, produz a riqueza global, mas às custas de um fator de produção cada vez mais dispensável, o trabalho humano, e talvez, convenha acrescentar, dos recursos naturais do planeta. O liberalismo econômico e o liberalismo político, sozinhos ou combinados, não conseguem oferecer uma solução para os problemas do século XXI. Mais uma vez chegou a hora de levar Marx a sério". Do mesmo Hobsbawm, no epílogo da mesma obra.

Os bancos centrais, notadamente o Banco Central Europeu, não conseguirão dar conta da crise. O arremate, o xeque mate, vai ficar por conta da barbárie. E a barbárie na Europa Ocidental é a OTAN.

Estava certo Stanley Kubrick quando previu em 2001, UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, o mundo asséptico das ordens ordenadas do capitalismo, mas que termina numa taça quebrada e num bebê mostrando um caminho.

Esse é o monólito do capitalismo.

As cavernas.

Ou a redescoberta de Marx.

É o que se vê no Brasil, próximo alvo dessa besta/fera.

A AGÊNCIA BRASIL revela que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro "está concentrado em poucas cidades. Seis capitais são responsáveis por 24,9% de tudo que o País produz em riquezas. São Paulo detém 11,8% do PIB Nacional, seguido pelo Rio de Janeiro (5%), Brasília (4%), Curitiba 1,4%), Belo Horizonte (1,4%) e Manaus (1,3%)".

Os dados são de 2010 e parte da pesquisa Produto Interno Bruto dos Municípios, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram divulgados no dia 12 de dezembro, quarta-feira. A pesquisa mostra também que somadas as riquezas dessas cidades que abrigam 13.7% da população, correspondem a um quarto da geração de renda nacional. E em todo o País com 5 565 municípios, a metade de toda a renda nacional é produzida por 54 municípios.

Em todo o Brasil, com 5.565 municípios, metade de toda a renda nacional é produzida por apenas 54 municípios. A outra metade do PIB é dividida entre os demais 5.511 municípios. A pesquisa revela ainda que no Nordeste o fenômeno de concentração é brutal. São 21 dos 1794 municípios os responsáveis por metade da renda regional.

E Lula, caçado pelo que não fez (as elites são implacáveis, querem a chibata de volta) acha que o Bolsa Família é distribuição de renda.

Quando o então presidente José Sarney criou por decreto o Plano Cruzado, disse duas besteiras, dentre as todas que diz quando abre a boca. Primeiro que estava distribuindo renda (Roberto Campos desistiu de explicar o que seja distribuição de renda) e a segunda é que "é o Gorbachev lá e eu aqui, estamos espargindo democracia no mundo".

Ou vamos às ruas, os movimentos populares, acordamos as pessoas para os milagres falsos de gente como Aécio Neves (Belo Horizonte e Minas andam para trás), as ameaças terroristas da OPUS DEI de Alckmin, ou aceitamos a chibata, restando apenas a chance de nos escondermos nas cavernas e voltarmos ao tempo da pesca e da caça para sobrevivermos no mundo globalizado – "globalitarizado".

É hora de redescobrir Marx. Bancos centrais são instituições onde elites formam quadrilhas que Joaquim Barbosa não julga e nem mexe.

Já a Europa, breve um novo desenho geográfico e político de povos que lutam por liberdade e pelo socialismo.

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