sábado, 8 de dezembro de 2012

Operação da PF encontra indícios de venda de dossiês contra o PT


Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual




Chama a atenção uma matéria desta semana no jornal O Estado de São Paulo sobre os famosos dossiês que geralmente são elaborados contra políticos do PT, que nos faz imaginar futuras nuvens carregadas e prenúncio de tempestades sobre a sede do PSDB e da grande mídia paulista.

Segundo a publicação, a Polícia Federal (PF) suspeita que arapongas presos pela Operação Durkheim estavam a serviço de um grupo criminoso com duas frentes de ação: uma voltada para a prática de extorsões e de estelionato, e outra dedicada à venda de dossiês para campanhas eleitorais.

Na segunda-feira (26), a PF desmontou a máquina de grampos telefônicos e de coleta ilegal de dados protegidos por sigilos bancário, tributário e patrimonial. Cerca de 180 políticos e empresários são vítimas da rede de espionagem, segundo a PF.

Um indício de que o aparato de grampos tem mandante é um e-mail enviado em 27 de fevereiro por Maikel Jorge a Aldo Barretis, ambos investigados pela operação. Eles tratam do rastreamento do ex-ministro e atual secretário executivo da Previdência Social, Carlos Gabas.

- Falei com o cliente agora sobre o min. Ele disse que estão interessados em coisas envolvendo ele e o caso Bancoop. Pelo que vi no Google faz quase 20 anos. Bem, vamos ver.

(...)

Quem é "o cliente" citado no email? Ainda é um mistério, mas não custa lembrar que quem tem verdadeira obsessão pelo caso Bancoop (uma cooperativa habitacional fundada por um sindicato e que tinha em sua direção integrantes do PT), é gente do PSDB paulista, que já fez até CPI na Assembléia Legislativa paulista.

Isso pode explicar o pouco interesse da velha mídia de São Paulo, aliada do tucanato, por esta operação, mesmo se tratando de violação de sigilos do senador Eduardo Braga (PMDB), de um ex-ministro de Estado e de desembargadores, e até uma emissora de TV (Que ninguém sabe qual foi e que tampouco provocou indignação da própria mídia com a possível violação da relação jornalista-fonte)

O pouco interesse contrasta com a importância dada em 2010 sobre o vazamento de informações sigilosas de tucanos e pessoas ligadas a José Serra. Contrasta também com o noticiário do grampo sem áudio do ex-senador Demóstenes Torres, que gerou uma CPI no Congresso.

Outra quebra de sigilo com características de espionagem política foi o extrato de telefonemas do prefeito Kassab nos meses de maio e junho. Quem teria interesse em saber para quem Kassab estaria ligando no período pré-eleitoral? E por qual motivo? Seria alguém suspeitando de traição partidária? São perguntas que precisam ser respondidas.

Pega muito mal a mídia paulista ficar quieta sobre a Operação Durkheim. Lembra a relação de lealdade de um revista famosa ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.

A Polícia Federal precisa ir fundo nestas investigações, pois está claro que se trata de espionagem política, inclusive com a participação de maus policiais.

É preciso saber também se essa indústria de dossiês forjados eram matéria prima para denúncias na imprensa com fins eleitorais ou de derrubar pessoas de seus cargos no governo.

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