segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Lula reage contra a direita e promete andar “por este país”


A luta política tem alguns cenários privilegiados. Dois deles podem ser indicados pelas expressões “instituições” e “rua”. O uso destes cenários tem se alternado no Brasil desde 2005, quando surgiram os primeiros sinais do chamado “mensalão”.

As investidas contra o presidente Lula e seu governo tinham o claro objetivo de enfraquecer o protagonismo das forças democráticas e progressistas e aplainar o caminho para a volta dos tucanos de José Serra e Fernando Henrique Cardoso ao Palácio do Planalto, na eleição de 2006. Eles perderam, apesar de todos os fogos de artifício usados na mídia conservadora, que incluíam escutas telefônicas e imagens forjadas de pilhas de dinheiro. A derrota eleitoral de 2006 foi reafirmada em 2010 com a eleição de Dilma Rousseff e de 2012 que, mais uma vez, demonstrou o claro declínio eleitoral dos partidos da direita.

Na crise de 2005/2006 a direita recuou em seu esforço de cassar o mandato de Lula através de um impeachment devido ao temor do levante popular que essa iniciativa poderia provocar. Ao final de uma reunião com o ex-presidente tucano, o então ministro de Relações Institucionais, Aldo Rebelo, fez uma advertência profética sobre as tentativas golpistas da direita: “Rua não tem regimento interno”, disse ele, acentuando a imprevisibilidade, para a direita, de uma disputa que extravasasse o âmbito institucional e ganhasse as ruas.

Neste final de 2012, depois de encerrado o julgamento da Ação 470 (o chamado “mensalão”) pelo STF, a sucessão de acusações forjadas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ameaça de decretação da prisão arbitrária, e antes do final de todos os recursos judiciais cabíveis, daqueles que foram condenados pelo STF, o Brasil volta à iminência da mesma escolha de cenários da luta política – o “institucional” ou a “rua”.

A arrogância da direita, que se apoia no único entre os três poderes que não resulta do voto popular, tem o objetivo claro de ganhar no tapetão aquilo que reiteradamente perde nas urnas: a manutenção de seus privilégios políticos, exclusivismo ameaçado pelo avanço das conquistas democráticas e do protagonismo popular. A direita foi às armas, em 1932, contra as mudanças promovidas pelo primeiro governo Vargas; em 1945 derrubou Vargas quando as tendências democratizantes e nacionalistas do então ditador ganhavam nitidez; tentou tomar o poder em 1954 para eliminar tendências semelhantes, mas foi derrotada quando Vargas deixou a vida para entrar na história; tentou impedir a posse de João Goulart, em 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros; tomou o poder pelo golpe de Estado de 1964, iniciando a ditadura que infelicitou o Brasil e os brasileiros durante 21 anos.

Esta longa trajetória histórica de desestabilização de governos foi movida pelo mesmo programa anacrônico que anima a direita em nossos dias: impedir o avanço democrático, barrar as conquistas políticas, econômicas e sociais do povo, e retroceder os ganhos patrióticos da soberania nacional.

“Tentam tirar a luta do plano político para levar para o plano jurídico. Tentam criminalizar os movimentos sociais, mas não vão conseguir”, disse o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, durante a posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, Rafael Marques, que se transformou num ato público de desagravo a Lula.

Lula pronunciou palavras de luta naquele evento. Vai voltar à luta popular com força total para garantir a vitória, em 2014, das forças democráticas, progressistas e patrióticas. Vai retomar as caravanas da cidadania para falar diretamente ao povo sobre a importância de reeleger Dilma Rousseff e eleger governadores e parlamentares dos partidos da esquerda e da base do governo para garantir e aprofundar as mudanças. “No ano que vem”, disse, “para a alegria de muitos e a tristeza de outros, seguirei andando por este país”. Precisamos, disse, “ganhar ainda muitos governos de estado, muitas prefeituras, temos que ganhar muita coisa. Temos que trabalhar forte para manter a aliança de esquerda neste país: PT, PCdoB, PSB e PDT. Trabalhar com os setores progressistas da sociedade".

Na terça-feira (18) o cenário do desagravo foi a Câmara dos Deputados, onde parlamentares e líderes políticos da base aliada realizaram um ato contra a direita, a mídia conservadora e a judicialização da política, em defesa de Lula, do governo e das mudanças. No dia seguinte (19), depois do ato público em São Bernardo do Campo, o ex-presidente recebeu, na sede do Instituto Lula, em São Paulo, a visita de onze governadores estaduais em solidariedade contra os ataques da direita. A manifestação de Nivaldo Santana, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) aponta no mesmo rumo. “Os trabalhadores não podem fazer coro com essa toada antinacional e antipopular da oposição conservadora”, escreveu ele. “Devem erguer bem alto suas bandeiras de luta, cobrar avanços do governo Dilma e se contrapor ao golpismo genético das elites brasileiras”.

O sentimento geral que vai se firmando no setor popular e democrático é sintetizado pelo novo bordão que se consolida: "Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo". A direita pode encará-lo, e temer, como uma nova ameaça da “rua”. Para os setores democráticos e avançados, ele soa como uma convocação para a defesa do governo e do programa de mudanças que vem sendo posto em prática desde 2003, que sob Dilma avançou na forma do combate frontal contra os juros altos e a tarifa extorsiva de energia elétrica, que desperta a fúria dos rentistas e especuladores.

http://www.vermelho.org.br/editorial.php?id_editorial=1147&id_secao=16

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