quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Crise do Capitalismo: Despejos e suicídios na Espanha



Por Altamiro Borges



Temendo o forte desgaste na sociedade, a Associação de Bancos da Espanha anunciou nesta semana que não promoverá despejos por inadimplência no pagamento de hipotecas pelos próximos dois anos. Segundo o cínico comunicado oficial da entidade, a medida leva em conta “a situação de desamparo de muitas pessoas, devido à crise econômica” e foi adotada por “razões humanitárias e no marco de sua política de responsabilidade social”. Mas os banqueiros informam que ela valerá apenas em casos de “extrema necessidade”.


A iniciativa não tem nada de “humanitária”. Afinal, os bancos são os maiores culpados pela grave crise que atinge a Espanha e outros países da Europa. No reinado neoliberal da desregulamentação financeira, eles sugaram as riquezas da sociedade, especularam com papéis podres e, diante do colapso da anarquia do mercado, foram socorridos com dinheiro público. Agora, eles voltam a exigir mais sacrifícios da população para manter os seus lucros, o que resulta em desemprego, arrocho, miséria e milhares de despejos.



Segundo o jornal El País, que sempre defendeu os rentistas e agora também afunda na crise econômica, 172 mil processos relativos a hipotecas foram executados na Espanha desde 2008 e há outros 178 mil ainda em curso. Desempregados e endividados, milhares de famílias perdem seus imóveis e passam a residir em casas de familiares ou abrigos. Nas ruas de Madri, por exemplo, uma cena que há muito não se via no velho continente – a de moradores de rua, dormindo em barracas ou ao relento.


O quadro ficou ainda mais dramático e desumano com o aumento do número de suicídios no país. Na última semana, duas pessoas se suicidaram por perderem suas casas após inadimplência no pagamento de hipotecas aos bancos. Os casos tiveram forte repercussão e indignaram os espanhóis. Manifestações contra os despejos foram promovidas no país. Os despejados chegaram a acampar diante da sede do Bankia, um banco privado “estatizado” pelo governo neoliberal para salvar os banqueiros e rentistas.

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