terça-feira, 28 de agosto de 2012

EMIR SADER: MARX NUMA HORA DESTAS?


Marx, numa hora destas?

por Emir Sader.


No sábado passado, iniciou-se o III Curso Marx-Engels, promovido pela Boitempo, agora sediado no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Como sempre, em pouco tempo – menos de três horas, desta vez – as vagas se esgotaram . Havia dois auditórios cheios, cada um com umas trezentas pessoas, e mais de 1.500 chegaram a acessar a página do curso na internet.

Marx, numa hora destas?

Sim, exatamente porque o capitalismo repõe, reiteradamente, as análises de Marx como atuais. Depois de tratar de identificar capitalismo com progresso, dinamismo, eficácia e bem-estar, a mídia teve – desde a crise atual, iniciada em 2007 – de acoplar outra palavra a ele: crise.

E foi justamente Marx quem há muito tempo fez essa vinculação estrutural entre capitalismo e crise. Porque, mesmo em períodos de crescimento constante do capitalismo, ele se depara com soluços, com crises periódicas.

O próprio Marx tinha reconhecido, no Manifesto Comunista, a capacidade extraordinária do capitalismo para transformar as forças produtivas como nenhum outro sistema havia conseguido. Mas, ao mesmo tempo, destacava sua incapacidade para distribuir renda que pudesse absorver essa produção. O sistema vive periodicamente crises de desequilíbrio entre a produção e o consumo – crises de superprodução ou de subconsumo, o que dá no mesmo.

Ao mesmo tempo, o socialismo, antítese do capitalismo, é constantemente reatualizado como alternativa. Conforme o capitalismo concentra renda, exclui direitos, discrimina, multiplica a violência e a degradação ambiental, ele alimenta a necessidade do socialismo como uma alternativa humanista, solidária.

Em 2008, quando a Boitempo organizou o primeiro curso, a quantidade de gente foi tão grande que tivemos de mudar a abertura para um grande auditório do Anhembi. Eram cerca de mil pessoas, estudantes universitários e militantes, em sua maioria.

A imprensa compareceu em grande quantidade, sem nenhum interesse por Marx naquele momento, mas pelo tipo de gente que poderia se interessar por ele e se deslocar num sábado de manhã para ouvir uma exposição sobre A ideologia alemã. Encontraram jovens, muitos, interessados no marxismo, nas formas alternativas de interpretação da realidade.
O curso atual vai pelo mesmo caminho e seguirá aos sábados, de manha e à tarde, com transmissão pela internet.
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Emir Sader nasceu em São Paulo, em 1943. Formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, é cientista político e professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e coordenador-geral do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Coordena a coleção Pauliceia, publicada pela Boitempo, e organizou ao lado de Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile a Latinoamericana – enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe (São Paulo, Boitempo, 2006), vencedora do 49º Prêmio Jabuti, na categoria Livro de não-ficção do ano. Colabora para o Blog da Boitempo quinzenalmente, às quartas.

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