sexta-feira, 29 de junho de 2012

IRAQUE, AFEGANISTÃO E LIBIA: A HISTORIA SE REPETE NA SIRIA


"As ideias dominantes são as ideias da classe dominante" dizia Karl Marx a dezenas de anos trás e hoje o que vemos ocorrer é basicamente isso. A grande mídia propaga incansavelmente somente aquilo que atende aos interesses da classe dominante, mas quem é o que é esta tal classe?

A classe dominante na época de Marx era a burguesia que havia decaptado os reis absolutistas, tomado suas terras e o controle do rebanho de gado humano. Com o tempo esta classe evoluiu muito, porém os objetivos permancem os mesmo, ou seja, dominar as terras, o rebanho humano e aquilo  que tem debaixo del suas terras, o petroleo.

No Iraque a ideia propagada pela grande midia  foi de que haviam armas biologicas que colocavam em risco o mundo. Invadiram, decapitaram o rei (Saddam), vasculharam cada metro quadrado e nenhuma arma biolgica fora encontrado, mas ainda hoje continuam por la controlando as terras e o que esta debaixo dela, o petroleo.

Assim foi também no Afeganistão, onde a desculpa era o tal do terrorista Bin Laden (que depois foi dito que fora encontrado num hotel de 5ª categoria no Paquistão, morto e jogado em um pedaço de rio qualquer), mas continuam por lá e controlando suas terras e o que ha por cima dela, a papoula (que serve para fazer heroina e exportar pro mundo todo).

Na Libia nao foi diferente, a ideia que nos fora apresentada foi a de que Kaddafi estuprava criancinhas. Invadiram, tomaram suas terras e o que ha por de baixo delas, o petroleo.

Agora chegou a vez do Irã (um dos maiores exportadores de petroleo do mundo), porem para conseguir (ou facilitar) a invasão, inventaram que o Irã estaria criando armas de destruição em massa (lembra da desculpa usada contra o Iraque, pois é). Com tudo, para poder chegar até o Irã é preciso abrir caminho e quem esta impedindo este caminho é a Siria, portanto é necessário invadir e dominar antes a Siria para somente depois partir para o Irã.

O texto a seguir, de autoria de Luis Garcia, explica com mais detalhes o que vem ocorrendo de fato na Siria e como que mais uma vez vem nos sendo apresentada a mentirosa ideia da clase dominante, segue o texto:

O Pearl Harbor Turco

PERSPECTIVA HISTÓRICA
Quando dou o título a este artigo de O Pearl Harbor Turco, refiro-me claramente ao recente incidente ocorrido no espaço aéreo da Síria: o avião de combate turco F-4 Phantom abatido pela força aérea síria. Escolhi este título por ser mais facilmente reconhecido pelo público em geral mas, talvez não seja este o mais correcto, uma vez que no caso da Segunda Guerra Mundial o porto norte-americano foi de facto atacado pelas forças armadas japonesas, com a ressalva de que os EUA estariam a par e consentiram que o dito ataque se desenrolasse para poderem ter um motivo palpável para entrar na guerra.
A situação em curso poderá mais correctamente ser comparada com um outro estratagema para começar uma guerra, e que foi utilizado pelos EUA no Vietnam, o Incidente do Golfo de Tonkin. Este assemelha-se ao caso turco-sírio em 2 aspectos essenciais: primeiro, a entrada do destróier USS Maddox em águas territoriais Vietnamitas e o suposto ataque realizado por três lanchas torpedeiras da marinha norte-vietnamita contra aquele; segundo, porque os EUA apoiavam já política, financeira e militarmente o Vietname do Sul contra o norte comunista mas sem terem ainda entrado em guerra directa, da mesma forma que a NATO, Israel e os estados árabes aliados (Arábia Saudita, Qatar e Bahrein) apoiam, financiam e armam a “resistência síria” contra o governo oficial de Bashar Al-Assad.


O CONTEXTO DA SITUAÇÃO
Com a retórica barata de intervenções humanitárias (para espalhar caos e terror e criar bases militares permanentes como os EUA têm feito em todas as partes deste planeta nas últimas décadas) mais do que gasta, e negada a “autorização” da ONU (vetos da Rússia e da China) para invadir “legalmente” a Síria, os EUA-NATO apostaram claramente no patrocínio de guerrilhas e de atentados terroristas na Síria (ainda hoje saiu a notícia de 40 alemães capturados pelas forças sírias enquanto tentavam fazer entrar armamento no país), suportados pela gigante campanha mediática de mentira e envenenamento da opinião pública contra o regime sírio, que consegue não só esconder e eliminar as evidências de intervenção estrangeira ilegal, como ainda se atreve a responsabilizar o regime sírio pelos actos bárbaros perpetrados pelos mercenários contratados pela NATO&Aliados. Não sou defensor do regime ditatorial sírio da mesma forma que nunca defenderia a ditadura de Salazar e Marcelo Caetano em Portugal, mas é completamente compreensível que perante ataques claramente armados dentro do seu país por forças estrangeiras (uso de blindados, lança rockets, granadas, mercenários armados), o legítimo poder político e militar da Síria tenha não só o direito como também o dever de responder militarmente, seja com aviões de combate, com tanques ou com exércitos armados. Senão vejamos, por causa de apenas umas dezenas de protestantes violentos em Inglaterra, o governo desse estado terrorista mandou a polícia carregar violentamente sobre os ditos protestantes e ameaçou, em directo nas TV’s de todo o mundo, que se a violência alastrasse poderia mesmo optar por usar forças militares dentro do seu país. Que esperar então de um governo sírio confrontado por guerra aberta dentro das suas fronteiras? Ficar a dormir? Não, este respondeu e responde militarmente, o que se tornou desculpa perfeita para os media manipulados acusarem Al-Assad de chacina e genocídio… Al-Assad até caiu na armadilha do cessar fogo, aceitou-o, e enquanto este durou, as forças mercenárias estrangeiras continuaram com as campanhas de morte e terror, agora mais facilmente por não enfrentarem resistência do exército legítimo, e a máquina de propaganda deu-se até ao luxo de acusar as forças armadas sírias pelos atropelos e massacres cometidos pelas forças estrangeiras enquanto aqueles ingenuamente respeitavam o cessar fogo.
Consequências de todo este desenrolar de acções: a escalada de acusações mútuas entre os EUA e a Rússia de corrida ao armamento, críticas recíprocas aos recém-instalados sistemas anti-mísseis na RepúblicaCheca/Polónia (EUA) e Kaliningrado (Rússia), e a deslocação de pelo menos uma frota naval russa para as águas territoriais da Síria. A Guerra Fria 2.0 ao seu melhor estilo.


A ARMADILHA
Ontem, à conversa online com um amigo turco sobre o avião de combate turco abatido pela Síria, este dizia-me que a TV turca “informava” que o grande problema teria sido “a perda de contacto de radar e rádio com o avião”, e pensava – a acreditar nas fontes oficiais – que a “possível entrada em espaço aéreo sírio teria acontecido sem intencionalidade”. Ahaha, pois claro… Eu fui respondendo dizendo que para mim não passava de propaganda da NATO, da qual infelizmente a grande nação turca faz parte, e que por tal estaria envolvida nesta mais recente manobra suja dessa máquina de guerra. Concordando comigo no descontentamento da presença turca dentro da NATO, o meu amigo deixou no entanto transparecer algumas dúvidas quanto à minha opinião sobre o sucedido. E eu insisti, terminando ontem por afirmar que as forças armadas turcas iriam criar falsas provas capazes de demonstrar que o avião de combate turco teria afinal sido abatido no espaço aéreo turco e não sírio e, consequentemente, a Turquia invadiria a Síria, numa clara demonstração que a história repete-se vezes sem conta, e que as invasões norte-americanas começam sempre desta mesmíssima maneira.
Hoje, parece que me enganei, mas por pouco, ou se preferirem, quase acertei. Comecemos pela “notícia” de ontem do Público sobre o assunto, com o título Ancara diz que avião militar turco poderá ter violado espaço aéreo sírio. Neste texto a propaganda dos EUA leva-nos a acreditar que existiria de facto dúvidas dentro do governo e forças armadas turcas se o seu caça teria ou não entrado no espaço aéreo sírio. Pura manobra de diversão meus caros. Ao afirmar tal, a Turquia faz passar subtilmente a mensagem de que nenhum plano, nenhum esquema maquiavélico teria jamais ocorrido. Pelo contrário, até colocavam a hipótese de terem culpas no cartório… Hehe, e ficava assim conquistada a opinião pública para a tese de a coisa ter acontecido por acaso. Ora hoje, o mesmo folhetim de propaganda norte-americana em Portugal (o Público), através de outra “notícia” (Turquia pede reunião urgente da NATO por causa de jacto abatido pela Síria), “informa-nos” que o avião terá sido abatido não no espaço aéreo sírio, não no espaço aéreo turco (como eu apostara que diriam), mas sim em espaço internacional. Ah, que conveniente, dois coelhos de uma cajadada só, não tendo sido na Turquia assegura-se ao fiéis turcos a inviolabilidade da sua nação, mas ao mesmo tempo pode-se acusar a Síria de ter atacado a Turquia, e consequentemente, ter accionado o mecanismo legal que coloca a Síria virtualmente em guerra com todas as nações que assinam os tratados da NATO. Muito conveniente, de facto…


A INGENUIDADE SÍRIA
Quem parece não ter lido muitos livros de história, ou pelo menos, parecem ser muitíssimo ingénuos são os responsáveis políticos e militares do governo legítimo da Síria. Pois senão, que raio lhes passou pela cabeça para, dadas todas as circunstâncias e dadas as ameaças de eminente ataque da NATO, caír na armadilha de abater o caça turco que invadiu o seu espaço aéreo!?! Pois claro, é fácil de perceber que acreditaram que a entrada do caça turco no seu país era a prova do real início da invasão, e que portanto, não lhes restava outra alternativa senão abater o dito intruso, e accionar consequentemente o alerta vermelho por todo o país face à eminente chegada de mais caças da NATO. Mas pois claro que não! A Rússia tem um vaso de guerra estacionado em águas sírias e tem uma frota naval a caminho; e vetou todas as resoluções da ONU que permitiriam à NATO invadir a Síria.
Agora o caça turco já ardeu, a lei do mais forte vai fazer provar que a Turquia é afinal a vítima e não o agressor, e o artigo 5 da NATO: O Princípio de Defesa Colectiva fará o resto, que é como quem diz, accionar a invasão da Síria, passo final e decisivo para o cerco total à República Islâmica do Irão.


A VERSÃO SÍRIA
Embora esteja condenada a ser eliminada da história pela lei do mais forte e pela sua máquina de propaganda planetária, aqui fica a versão oficial das forças armadas sírias:
1. O caça F-4 Phantom descolou da base aérea de Erhac, na Turquia;
2. A força aérea síria detectou a sua entrada no espaço aéreo sírio às 11:40 (8:40 GMT) do dia 22 de Junho;
3. As forças armadas turcas afirmam ter perdido contacto com o seu avião às 11:58 (08:58 GMT), quando sobrevoava a província de Hatay;
4. As defesas aéreas sírias atingiram o caça turco acerca de 1 km da costa da Síria (portanto espaço aéreo sírio); o caça acabou por se despenhar no mar  10 km a oeste de Om al-Tuyour.


SINAIS DE ESPERANÇA
Sinais de esperança para a Síria? Poucos ou praticamente nulos, pois mesmo sem a eminente invasão oficial da NATO o país já está completamente mergulhado no caos da guerra entre guerilhas, mercenários estrangeiros, organizações terroristas islâmicas e atentados à bomba, tal como Iraque, Afeganistão ou Líbia, tal como qualquer pedaço de terra em que os states ponha a mão encima…
Ainda assim, não está tudo perdido para a Síria, e a história pode mostrar-lhes, se se derem ao trabalho de a aprender, que nem sempre as invasões americanas são bem sucedidas, e que esta armadilha do caça turco abatido poderá não resultar. Gosto de relembrar que A Invasão da Baía dos Porcos prova-nos que nem sempre os norte-americanos e o seu Império da Guerra saem bem sucedidos…
Luís Garcia, 24.06.2012, Chervey, França via G Sampaio.

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